domingo, 5 de agosto de 2007

Operação Trepas House - Episodio III - O Final

Como a história já vai longa e eu não quero que o leitor sofra na pele o que eu sofri, resolvi terminar hoje a odisseia das obras na minha casa. Portanto, aqui vai o último resumo, ultra-acelarado e sem pausas. Assim, respire fundo, conte até três e comece a ler... Segunda-feira, os homens chegam a casa para terminar as obras. Por estranho que pareça, ou talvez não, não o conseguiram fazer. Quando chego a casa, depois de um árduo dia de trabalho tudo continuava na mesma. Pó de meter inveja ao recinto do sudoeste em dia de festival. Na Terça, a coisa muda de figura, pelo menos já com o chão colocado, faltava ainda alisar, lixar e pintar a parede. Quis ser simpático e disse: “Olhe, deixe-me isto pelo menos adiantado, que eu mesmo lixo e pinto.” Deve ter sido a melhor coisa que o Sr. Manel ouviu: - “Shôr Trepas, pode ficar descansadinho que isto amanhã (Quarta-feira) fica prontinho para ser pintado!”. E porque a tradição ainda é o que era, na quarta-feira nada ficou “prontinho”. Com os olhos raiados de fogo, com uma raiva que invadia todas as veias do meu corpo, nesse mesmo dia, chego a casa e digo ao Sr. Manel que tudo continuava na mesma e que precisava das obras completas para que eu pudesse começar a pintar a casa. - “Shôr Trepas, mas os materiais não secaram a tempo, isto também já só falta lixar e pintar, mas tem de secar bem. Isto na sexta-feira fica prontinho!”. Fiquei sem palavras. Na sexta-feira, às 8h00 da manhã, lá estão novamente os homens do Sr. Manel, para terminar a obra. Um deles diz que aquilo não está nada bom e que não vai conseguir terminar a varanda naquele dia. - Ou será que querem que isto não fique bem feito? Quando chego a casa, sou gentilmente informado que tudo ficou pronto, embora ainda seja necessário lixar a parede e pintar. Sonhando despachar estes excelentes profissionais, disse: - Deixe lá estar, eu mesmo lixo e pinto o que falta!”. No Sábado de manhã, levanto-me pego numa lixa e começo tratar do assunto. Reparo que a obra está uma bela coisa castanha com mau cheiro. Telefono para o Sr. Manel: “Olhe que isto está uma boa porcaria, a parede toda mal alisada e cheia de bolhas, tudo mal acabado. Mas que brincadeira vem a ser esta!!!” O Sr. Manel, mantendo a sua profissionalismo e assumindo de imediato todas as responsabilidades diz-me: - “Shôr Trepas, é sempre a mesma coisa. A culpa é dos trabalhadores. Estou farto desses gajos. Mas fique a saber que já despedi um deles. È que isto não se faz. Eu gosto de ver os meus clientes satisfeitos. Pode estar descansado que já despedi o rapaz que aí esteve ontem!” Aqui, fiquei desarmado. Eu fiz com que o Sr. Manel despedisse um dos seus funcionários. Imaginei-o a chegar a casa, a abraçar o filho e a dizer à mulher: - “Querida, fui despedido! Pelo sim pelo não, vou comprar uma caçadeira!” Disse ao Sr. Manel que não era preciso chegar àquele extremo, mas ele mostrou-se impiedoso. O que é certo é que a obra terminou nesse mesmo dia, o que foi bom. O pior é que agora assim que saio de casa olho sempre para trás, sinto-me perseguido. Fiquei também a saber que uma obra que é previsto demorar dois dias, demora uma semana o que explica as magnificas derrapagens orçamentais que as obras públicas sofrem. Mas, isto foi só uma varanda, valha-me Deus! Só uma varanda! Hoje, mais de duas semanas depois, o lixo produzido por esta magnificente obra mantém-se acumulado no cimo das escadas. Há 3 dias, quando questionado sobre a solução para aquele aparato, o Sr. Manel foi peremptório: - Fique descansadinho Shôr Trepas que isso amanhã resolve-se. Pois está bem...

Sem comentários: