Passado um ano, a menina raptada no hospital de Penafiel apareceu. Esta é uma grande notícia, até para o pai adoptivo que não imaginava que a criança que lhe apareceu em casa não era sua filha. Parece-me que as famosas cegonhas continuam a fazer das suas e é nisso que queremos acreditar.
À chegada, a criança foi recebida com pompa e circunstância. Centenas de pessoas de vários cantos do país dirigiram-se a essa pequena localidade para a poderem ver. Houve música, dança, vinho e frango assado para todos. Lindo, somos um país tão festivo!
Mas o que era festa rapidamente deu lugar à indignação, porque os "maléficos" pais teimavam em manter a criança afastada de todos estes tumultos, não fosse a agitação claramente prejudicial. Foi em altos brandos que a festança ficava estragada, de entre gritos de horror por tamanha crueldade, havia uma senhora que dizia: “Não nos deixam ver a menina! Isto não se faz! Queremos ver a menina!”. No país real há que lutar por tudo. Temos que ter uma razão para viver, mesmo que o motivo seja a vida dos outros. Deste rol de indignações destaca-se o olhar traumatizado daquela pobre senhora que não pode ver "a menina", temos todos tanta pena.
O furor era tanto, que em busca de um pouco de tranquilidade os pais foram impedidos de fechar os próprios estores, tal não era o fervor das pessoas que forçavam a sua abertura. Isso não se faz, fechar os estores para não vermos "a menina"! Que coisa horrível!
Existe um símbolo que falta na nossa bonita bandeira nacional. A par das quinas e da esfera armilar também deveriam existir uns binóculos. Passamos de conquistadores destemidos para mirones inveterados.
3 comentários:
Bem visto! É tipo acidente!
Opá o que é aquilo?
Um acidente!!!!
Para para!!! Quero lá ir!
Dá sempre jeito nas conversas de tasca, saber como foi!!!
Um abraço!!
Eu vinha só ver o vosso blog por curiosidade, mas depois de ler este post tive que comentar! Tens toda a razão! Eu já não conseguia olhar pra TV, jornal da TVI (como não podia deixar de ser), quando estavam a passar estas cenas. É impressionante como as pessoas não têm mais nada que fazer senão meterem-se na vida dos outros, e como por vezes vivem a sua própria vida em função da dos outros! A chegada da menina era motivo de festança na aldeia, até aí até posso perceber... mas será que não podiam festejar na mesma?! Tinham que ter lá a miúda, uma criança de 1 ano, para assistir???
Parabéns pelo blog!
Um fabuloso ponto de vista que elucida e desmascara a realidade crua e nua em que a nossa sociedade se torna de dia para dia
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