segunda-feira, 9 de abril de 2007

Páscoa bem molhadinha!



Sou um tipo que gosta das tradições e Portugal é rico em rituais tradicionais. Este Domingo de Páscoa fiquei também a saber que S. Pedro tem um sentido de humor único. A peripécia que vos vou descrever aconteceu mesmo e é pena que não estivessem presentes, pois por mais que eu tente nunca irei conseguir descrever o que na realidade aconteceu.
Local, Montes da Senhora em Proença-a-Nova. Uma bela aldeia que vale a pena conhecer. Por alturas da Páscoa, assim como acontece um pouco por esse Portugal fora, os rituais cristãos multiplicam-se e perduram ao longo dos tempos. Nos “Montes” a procissão é um dos pontos altos dos festejos pascais e este ano foi do mais hilariante que se possa imaginar.
Já o cortejo ia a meio quando do alto do céu nublado começa a cair um pequeno chuvisco, “nada de preocupante” pensaram alguns, “isto vai dar molho” pensaram outros. O certo é que passados uns minutos a chuva começou a cair com bastante intensidade.

Começo a vislumbrar o festival que se aproxima. Como não sou de confusões e as procissões não são realmente o meu forte, resolvi ficar a observar de longe, neste caso da janela de casa. As primeiras pessoas que começam a aparecer, vêem num passo tão acelarado que pensei para mim, “isto é uma procissão ou estão a correr a maratona?”. A segunda hipótese ficou posta de parte, pois os “atletas” não estavam numerados, nem eram liderados por um Queniano. Com o passo cada vez mais acelerado, lá ia o cortejo. O pior estava para vir…
A minha cara-metade, noutra janela da mesma casa, com um pequeno cesto com pétalas, preparava-se para lançá-las conforme manda a tradição. Mas, a chuva que caía, rapidamente se transforma em granizo. Do céu caem pedras do tamanho de bolas de golfe fazendo com que as pessoas procurem a todo o custo um local para se abrigarem. Neste momento toda a gente desapareceu. Grande parte, entrado pela garagem da casa onde eu estava.


Pensei que a festa estava estragada, mas qual não é o meu espanto quando do meio do nada, já sem a presença dos seus fiéis, vem o Padre debaixo de um pequeno toldo amarelo, o pálio*, completamente fustigado pelas pedras que caíam sobre a sua descoberta cabeça. As pessoas que agarravam o pequeno toldo, na tentativa de também se protegerem da pedrada, iam tropeçando e agredindo o Padre. Mas, e sem que nada o fizesse prever, a minha cara-metade, desata a mandar as flores pela janela, dando continuidade ao ritual, mesmo perante um panorama apocalíptico.
Imaginem o cenário. Uma chuva torrencial, acompanhada de um granizo infernal e da janela da casa, pequenas pétalas enfeitavam todo o aparato. Imagino o que tenha passado pela cabeça do Padre e nem me admiro que tenha dito um ou dois palavrões, “F…, ainda por cima mandam flores!”.
Enfim, mas tudo acabou bem, com o povo da Montaria dentro de uma garagem e completamente encharcados, Padre incluído!




*Pálio - Prov. do Latim, pallin que significa capa. Sobraceu portátil, com varas, que serve, nos cortejos ou nas procissões, para cobrir a pessoa que se festeja ou o sacerdote que leva o santíssimo. Vá agora não digam que o Trepas não vos ensina nada!

3 comentários:

Al Cardoso disse...

Ja a muito tempo que me nao ria com tanta vontade,lololololo, lololololo.

E vivam as tradicoes!!!

Um ridente abraco d'Algodres.

Anónimo disse...

Assim é que é bonito, só de imaginar o padre a correr com as suas vestes rua abaixo a fugir ao diluvio e a gritar: "Fujam, chegou o juízo final!Ai valha-me deus!"Muito bom trepas.

Anónimo disse...

A cena foi mm altament, e asdespois inda andavam la bakans a tirar fotos enkuant as pessoas normais tentavam ao lado dum tractor manter o espirit da procissão.Foi td por água abaix...Saudações Cordiais Phinix